Alpha - 6

Há muito que o império se apoderou deste quadrante.







O mundo visto do Espaço é pequeno. Este cosmonauta orbita em seu redor. My spaceship knows which way to go.

quarta-feira, outubro 28, 2009

 

Cola-tudo

Olha só o tempo que levamos a decidir o que fazer. Só por si, não é coisa que se faça.
Perdemo-nos nas janelas e devíamos descer às ruas.
O ar é outro.

Convenço-te a não usar o elevador? Que comece a correria degraus abaixo, enche o peito até ao limite. Depois estaca de mãos nos joelhos, tonto. Recupera. Levanta os olhos para o céu, para a luz, para as gruas estáticas, para as aves que observam nos telhados.

A vida a dois tempos: atenta e atentada.

|

segunda-feira, agosto 17, 2009

 

head in the clouds





fizeste-me bem.

|

segunda-feira, julho 06, 2009

 

Voz



Sei sempre o que dizer aos outros.
Nunca sei o que fazer comigo.

|

quarta-feira, julho 01, 2009

 

Depois do serrote, o garrote.



Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...

(...)

Amai, rapazes! e, principalmente, amai moças lindas e graciosas; elas dão remédio ao mal, aroma ao infecto, trocam a morte pela vida... Amai, rapazes!

Machado de Assis Dom Casmurro (1899)

|  

De volta. Em volta.




O limite separa-nos do que há mais além. Au-delà.
É um contorno físico mais ou menos espesso.
No espaço.
É-lhe contudo conferida uma resistência elástica.

Contidos, pressurizados mas em diálogo com o meio, somos nós os periféricos.

E a cada instante, sofre invasões que deslocam um número gigante de partículas em movimentos musculados de cedência e de transgressão.
Poroso, consoante a eficácia. O que é corpo, o que é estranho?
Sondamos no escuro.

O exterior é a novidade.

|

sexta-feira, maio 02, 2008

 

Oda a las Cosas



AMO las cosas loca, locamente. Me gustan las tenazas, las tijeras, adoro las tazas, las argollas, las soperas, sin hablar, por supuesto, del sombrero. Amo todas las cosas, no sólo las supremas, sino las infinitamente chicas, el dedal, las espuelas, los platos, los floreros. Ay, alma mía, hermoso es el planeta, lleno de pipas por la mano conducidas en el humo, de llaves, de saleros, en fin, todo lo que se hizo por la mano del hombre, toda cosa: las curvas del zapato, el tejido, el nuevo nacimiento del oro sin la sangre, los anteojos, los clavos, las escobas, los relojes, las brújulas, las monedas, la suave suavidad de las sillas. Ay cuántas cosas puras ha construído el hombre: de lana, de madera, de cristal, de cordeles, mesas maravillosas, navíos, escaleras. Amo todas las cosas, no porque sean ardientes o fragantes, sino porque no sé, este océano es el tuyo, es el mío: los botones, las ruedas, los pequeños tesoros olvidados, los abanicos en cuyos plumajes desvaneció el amor sus azahares, las copas, los cuchillos, las tijeras, todo tiene en el mango, en el contorno, la huella de unos dedos, de una remota mano perdida en lo más olvidado del olvido. Yo voy por casas, calles, ascensores, tocando cosas, divisando objetos que en secreto ambiciono: uno porque repica, otro porque es tan suave como la suavidad de una cadera, otro por su color de agua profunda, otro por su espesor de terciopelo. Oh río irrevocable de las cosas, no se dirá que sólo amé los peces o las plantas de selva y de pradera, que no sólo amé lo que salta, sube, sobrevive, suspira. No es verdad: muchas cosas me lo dijeron todo. No sólo me tocaron o las tocó mi mano, sino que acompañaron de tal modo mi existencia que conmigo existieron y fueron para mí tan existentes que vivieron conmigo media vida y morirán conmigo media muerte.

Pablo Neruda

|

terça-feira, janeiro 22, 2008

 

Castigo



Hoje antevi o dia em que morri.

|

segunda-feira, dezembro 31, 2007

 

To the sea


Ingmar Bergman-Sommaren med Monika(1953)

Tenho a pele salgada.Atravessada por sulcos a minha mão segura o leme.
-«Afasta-te!» - gritam.
-«Quem queres tu guiar?»- inquirem.
Enterro o boné até às orelhas. Os ventos, as vagas, não me tiram daqui. Vou fincar o pé, amarrar-me ao mastro até passar a intempérie.
Depois vem o sol. Vai queimar-me com o fogo do inferno.

|