Cpt.Scarlet Revisitado (26-01-2003 - 01:04:54 AM)

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Eu nunca tive segredos.Antes tivesse uma mão cheia deles, e sempre sobraria de mim algum interesse.Contudo, permaneço mistério. Se te fixar, foges-me com os olhos. Que receias? As pessoas hoje morrem por nada, bem sei, mas não sou propriamente um homicida. Considera-me um grupo de fantasias.Existo na cabeça dos que me pensam, desapareço sem que notem a minha falta.Mas agradeço-vos muito.

Los Amantes del Circulo Polar

Este filme disse-me tanto e todo o tempo foi pouco.

Vejam bem! Ficção científica e miúdas, cocktail explosivo. Jane Fonda em Barbarella ou Angela Lindvall em CQ.
Estes dois filmes em especial, porque remetem-nos para os loucos anos 60. Os designers de moda que estavam mais en vogue, idealizam guarda-roupa futurista, tornando as musas em questão, vulneráveis à poção do glamour.
Já falei antes no CQ, no Roman Coppola, um filme revivalista dos Swingin' Times.
Barbarella, a longa-metragem à qual dos Duran Duran foram buscar o nome da banda ao vilão, é um ensaio, bem disposto, conseguido de Dino De Laurentiis. O strip inicial de Jane com ausência de gravidade, é um tónico.

Keep your 'lectric eye on me babe
Put your ray gun to my head
Press your space face close to mine, love
Freak out in a moonage daydream oh yeah!

David Bowie

Easy Rider, um filme tristemente esquecido por muita gente. A cena da comunidade hippie é muito estranha. Reparem no semblante carregado dos próprios hippies. Seria a premonição de que a revolução cultural estaria nos seus últimos dias?
Os massacres orquestrados por Manson, o arrefecimento dos acontecimentos do Maio de 68.
Deu-se o desencanto.

NO DIRECTION HOME: BOB DYLAN, A Martin Scorsese Picture; o meu último delírio visual.
Gerações cruzam-se em harmonia, não há botas sem elásticos, essa flexibilidade é notória.
O meu irmão diz-me: - Já quase não ouves música nova. Só compras discos velhos. Não és um homem do teu tempo.
E eu estou sempre a dizer-lhe que não devemos esquecer os que nos precederam, e que continuo a ouvir música actual, demasiada.
De volta ao Robert Zimmerman, este documentário traz o que os anteriores quase não tinham, o palco. O Bob Dylan ao vivo despertou-me a curiosidade, nunca o tinha visto naquela época , intervalo de tempo tão especial.
O recente MTV unplugged, dos anos 90 que é muito fraco, deve ser engavetado, por respeito a um nome, que tanto influenciou, motivou.

Nursery Cryme - Genesis (1972)

Este álbum é uma porta de entrada num mundo muito diferente. Ouçam por exemplo The Fountain of Salmacis e descubram porquê. Tenho ultimamente recuperado a audição dos Genesis Era-Peter Gabriel e tudo tem sido mais colorido. Também há humor.

Um brilho louco leva o diletante a dirigir-se cegamente por túneis estreitos inundados. Sem quaisquer certezas, segue por ele, parando pontualmente em olhos ricos em fascínio, em rostos já rendidos ao transe.
Agitam-se invulneráveis, permanecem enfeitiçados. No ponto mais alto do delírio surgem convidativos, acenos, olhares, maquinações. Injecções de juízo circulam sem adeptos, cordas presas ao solo de nada servem, flutuamos.
Let Yourself Go.

Tempo para mais uma das minha revisões, enquanto ainda não faço posts atordoado pelas sucessivas festas e mais festas. Pôr o sono em dia revela-se tarefa árdua, dar descanso aos ouvidos também. A boa notícia dos Bauhaus voltarem cá, recebida em vésperas de Halloween soube bem.