Alpha - 6

Há muito que o império se apoderou deste quadrante.







O mundo visto do Espaço é pequeno. Este cosmonauta orbita em seu redor. My spaceship knows which way to go.

sábado, julho 30, 2005

 

All Fired Up


Tra la la

Soa a parvoíce, mas distrai.

|  

The Wild Ones



Atrevo-me a escrever sobre Howl, o 3º álbum de originais dos rockers de San Francisco, Black Rebel Motorcycle Club.
A primeira impressão é de que o grupo neste disco, está virado para a espiritualidade, para a introspecção, arrisco religiosa. Temos músicas em que predominam coros gospel, orgãos quase litúrgicos, por outro lado existem temas com a propriedade blues de uns Rolling Stones e exercícios acústicos (harmónicas). Frisko não é bem o delta do Mississipi, mas não deixa de ser agradável. Um disco bastante homogéneo.
Devil's waiting é um título que não deixa nada por esconder. Depois de Get behind me Satan dos White Stripes, os Stones têm a sua herança de Lúcifer bem entregue.
Gospel Song lembra-me por vezes Helter Skelter dos Beatles em andamento lento.
A primazia do BRMC pela construção melódica preterindo a distorção que nos têm habituado e o power-rock, ilustra bem o período de reflexão a que a banda esteve sujeita.
Lembro que foram a princípio comparados aos Jesus and Mary Chain, influência que não negam, mas que era redutora para o que vieram a mostrar ser capazes.

|

quarta-feira, julho 27, 2005

 

Come Back



Eis-me de volta à faina. Depois do (pode dizer-se) merecido descanso do capitão, a vida recupera sua normalidade.

|

terça-feira, julho 19, 2005

 

To Miss



Here they come with their make up on
as lovely as the clouds come and see them
Boys and girls and their mums and their words
and their romances and jobs and their sons
Barking mad kids lonely dads
who drug it up to give it some meaning
From the raves to the council estates
they're reminding us there's things to be done.

But you and me all we want to be is lazy
you and me so lazy...

|

sábado, julho 16, 2005

 

A Fuga



Entre a escrita de umas alarvidades e uns desenhos sem nexo com notas de rodapé a condizer, peguei no comando do televisor e parei na TV5.
Tratava-se de um documentário acerca de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
Chamou-me atenção pelo despretenciosismo com que se desenrolava. Conversas simples, que procuravam saber mais acerca deste casal enigmático que ao fim de contas estava à vista de todos, ora nos cafés ora nos jardins públicos de Paris.
Le portrait croisé Sartre-Beauvoir(1967), dirigido pelos repórteres Madeleine Gobeil e Claude Lanzmann, levanta o véu acerca do dia-a-dia deste casal tão específico, é a descoberta da aventura intelectual que envolveu e juntou os dois por mais de 30 anos em comum.
Paris, 1967. Dois dos pensadores mais controversos do último século estão disponíveis para entrar pela casa das pessoas adentro. Sartre fala-nos dos motivos que estiveram na causa da rejeição do prémio Nobel de literatura ( a teimosia em não ser distinguido dos restantes Homens), na luta empenhada que travou contra a guerra do Vietnam. Anos volvidos depois da publicação de O segundo sexo (1949), Simone de Beauvoir dá-nos a ouvir as suas preocupações e considera ter havido uma regressão nessa matéria desde então. Diz-nos que a condição feminina a preocupa, mas está optimista. O narrador durante um olhar sobre a divisão da casa onde os dois trabalham, em secretárias pouco distantes, confessa que podem correr 3 meses sem que nenhum dos dois tenha ideia do que o outro está a fazer.
Silenciosos a fumar no Café de Flore em St.Germain des Prés, observam atentamente o quotidiano. É entrevistada a mãe de Sartre, Madame Mancy, 84 anos, uma senhora adorável, podemos ver Jean-Paul Sartre ao piano com desembaraço.
O existencialismo é envelhecer sem pressa.

É tempo de exorcizar objectos-holograma da consciência. L'enfer c'est les autres

|

sexta-feira, julho 15, 2005

 

Dark Globe



OK, não é a primeira que falo do Syd Barrett aqui. Esta outra menção ao «crazy Syd» é justificável e deve-se a The MadCap Laughs(1970). É o primeiro registo solo após a saída forçada dos Pink Floyd. Já sabemos que Syd não ficava bonito na TV com o cabelo despenteado e com (...) os olhos fixos num horizonte perdido, aliado ao facto de nos ensaios e concertos ao vivo tocar o mesmo acorde ao longo de músicas com maior variedade harmónica. Foi despedido. Graham Coxon também, (...)Yes I’m certain that it happens all the time.
The MadCap Laughs contou com músicos de estúdio como David Gilmour e Roger Waters (que se arrependeria mais tarde). As gravações tiveram a duração de 2 anos. A proeminente guitarra acústica de Syd não abandona todo o álbum. Disco este, que soa a maquete, a gravação caseira.
É notório o estado de Syd, a execução imperfeita ou a desafinação nas vozes, porém não têm influência na essência das músicas, em que a lucidez das palavras e o sentido das letras assustam. É arrepiante duvidar da inconsciência visível, esquizofrénica de Barrett.
É em traços gerais, um álbum melancólico, mas julgo que o seu grande momento é Octopus. Há tempo para um ensaio sobre um poema de James Joyce em Golden Hair.
A genialidade de Syd está lá, assombrada pelo espectro de uma loucura prematura.

|

quarta-feira, julho 13, 2005

 

Muppet Wars



Beauty is in the eye of the beholder and it may be necessary from time to time to give a stupid or misinformed beholder a black eye.

Miss Piggy

|

terça-feira, julho 12, 2005

 

We're all alone



O mundo não parece nada. Não se parece com nada até ao momento.
Hoje, quando se deu uma inversão nos valores que sempre estimamos, penso nisso. Na ausência de modelo que temos. Limitamo-nos a arriscar um conjunto de caminhos, saídos da nossa criatividade, numa tentativa de acertar naquele que conduzirá à estabilidade mais prolongada. A prosperidade de que falava Mr.Spock.
As novas gerações acabam por esquecer o legado das gerações anteriores. Por muito esforço e teimosia que persista em conservar tradições, as verdadeiras alterações são operadas aos princípios que regem a sociedade.
Actualmente, e devido ao aumento gradual da esperança média de vida, encontramos sectores da população sitiados, outros instalados e ainda os despreocupados.
Estão cercados os mais velhos, que conheceram o pico da sobriedade de valores e não têm para onde ir, não reconhecem o planeta em que nasceram. Instalados, os de meia-idade que parecem ter ultrapassado as condicionantes da liberdade individual, com os sonhos hippies saltando para um plano pouco normalizado, indefinido.
A juventude está despreocupada, o seu desinteresse deriva do descrédito em que caiu a geração imediatamente anterior. Receia procriar, em que mundo vai depositar descendência? Uma verdadeira Guerra dos Mundos. A História é sem dúvida a melhor fonte de aprendizagem. Mas a insatisfação em não encontrar vida e civilizações no espaço sideral é muita e desilude.

|

domingo, julho 10, 2005

 

Island Tunes



Numa musica dos The Clash chamada Clash City Rockers, podemos ouvir na letra a frase «no one but you and I say the bells of Prince Far I».
Não fossem os Clash uma banda bastante influenciada pelo dub, depois de um arranque muito punk rock, com álbums ora produzidos ora supervisionados pelo lendário Lee Scratch Perry, a referência a Prince Far I não é de todo acidental.
Nascido em Spanish Town, Jamaica, Prince Far I, músico reggae a quem não devemos chamar cantor, visto que a sua fama é devida ao preaching vocal, uma voz grave bem colocada que falava ao ritmo da melodia. Uma das raízes do movimento rastafari, de características religiosas e políticas no seu discurso. Teria ainda de apurar o seu estilo, obtendo hits com pouco êxito sobre o nome de King Cry Cry.
Muda definivamente o nome para aquele que lhe conhecemos melhor, em 1977 edita Under Heavy Manners, álbum que se tornou em pouco tempo, culto europeu.
Um entusiasta da música electrónica chamado Adrian Sherwood cruza-se com ele em 79. Sherwood revelar-se-ía um produtor de reggae como poucos, pioneiro do dub.
Far I foi morto a tiro em 1983. Sem dúvida, alguém a investigar.

|

sexta-feira, julho 08, 2005

 

The Living Road



Que largo es el mundo
Es infinito
Ayer te tuve
En mis brazos
Y hoy
Como un grano de arena
En algún suelo ajeno
Estas escondida de mí

Lhasa de Sela

|

quinta-feira, julho 07, 2005

 

London



Atitudes covardes ilustram a primeira década do século. Os responsáveis destes actos ignóbeis não têm sequer justificação retórica. Mata-se em nome de um nada ou de algo demasiado estúpido. E o assassino não tem cara.
Se a sociedade ocidental não é perfeita, é porque o empenho de todos não existe.
Revoltas são para reivindicar desigualdades, neste caso existe um ódio à civilização e ao civilizado. Não podemos renegar a mudança dos tempos. Palpita-me que o futuro não passa pela extrema pobreza, pela opressão individual e por mulheres de cara tapada.

|

segunda-feira, julho 04, 2005

 

High you fly



A reunião dos Pink Floyd aconteceu sábado no Live8. Há mais de 20 anos que Roger Waters não tocava com David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright. Na véspera desse acontecimento, estava eu distraídamente a fazer estágio com uma preciosidade que desconhecia.
É ela, Dub Side of the Moon (2003). É mais do que um tributo, é um lado espiritual renovado pelas all stars da Easy Star Records. Fui completamente apanhado de surpresa com The Great Gig in the Sky. As restantes músicas foram-se seguindo tornando o ambiente descontraído. Fui transportado para o triângulo das bermudas em pleno mar das caraíbas, desconfio graças ao meu estado proto-psicadélico. O vocalista dos Wailers, Gary "Nesta" Pine também empresta a voz a um dos temas melhor conseguido - Money. Tornaram sem dúvida a obra-prima dos Floyd mais surreal, para um plano anti-civilizacional. Não podemos ignorar algum humor e boa vibe.

|

domingo, julho 03, 2005

 

Theatre Cigarettes



Um feliz acaso fez parar às minhas mãos Gods and Monsters. Confesso que tenho um preconceito acerca de bandas de Manchester por razões mais do que óbvias. Mas tende a desaparecer, assim como a razão desses equívocos que duvido que sobrevivam muito mais tempo.
Falemos de coisas que realmente valem a pena. Os I am Kloot são donos de um rock bastante agradável, algo sóbrio e sério, de fato e gravata. Criam atmosferas de alguma soturnidade e melancolia (nas palavras deles, mencionam Harold Pinter para compor o quadro que os melhor define). Lembram os Interpol e todos os que os antecederam em An Ordinary Girl, mas é muito mais do que isso. Sand and Glue contém algo cénico e muitas das músicas transportam-nos para o universo do cinema decadentista. Chamem-lhe revivalismo de Piaf, Brecht no recurso a valsas noir, o caminho passa por aí.
O álbum tem solidez, é coerente e intimista.

|