Alpha - 6

Há muito que o império se apoderou deste quadrante.







O mundo visto do Espaço é pequeno. Este cosmonauta orbita em seu redor. My spaceship knows which way to go.

sábado, julho 16, 2005

 

A Fuga



Entre a escrita de umas alarvidades e uns desenhos sem nexo com notas de rodapé a condizer, peguei no comando do televisor e parei na TV5.
Tratava-se de um documentário acerca de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
Chamou-me atenção pelo despretenciosismo com que se desenrolava. Conversas simples, que procuravam saber mais acerca deste casal enigmático que ao fim de contas estava à vista de todos, ora nos cafés ora nos jardins públicos de Paris.
Le portrait croisé Sartre-Beauvoir(1967), dirigido pelos repórteres Madeleine Gobeil e Claude Lanzmann, levanta o véu acerca do dia-a-dia deste casal tão específico, é a descoberta da aventura intelectual que envolveu e juntou os dois por mais de 30 anos em comum.
Paris, 1967. Dois dos pensadores mais controversos do último século estão disponíveis para entrar pela casa das pessoas adentro. Sartre fala-nos dos motivos que estiveram na causa da rejeição do prémio Nobel de literatura ( a teimosia em não ser distinguido dos restantes Homens), na luta empenhada que travou contra a guerra do Vietnam. Anos volvidos depois da publicação de O segundo sexo (1949), Simone de Beauvoir dá-nos a ouvir as suas preocupações e considera ter havido uma regressão nessa matéria desde então. Diz-nos que a condição feminina a preocupa, mas está optimista. O narrador durante um olhar sobre a divisão da casa onde os dois trabalham, em secretárias pouco distantes, confessa que podem correr 3 meses sem que nenhum dos dois tenha ideia do que o outro está a fazer.
Silenciosos a fumar no Café de Flore em St.Germain des Prés, observam atentamente o quotidiano. É entrevistada a mãe de Sartre, Madame Mancy, 84 anos, uma senhora adorável, podemos ver Jean-Paul Sartre ao piano com desembaraço.
O existencialismo é envelhecer sem pressa.

É tempo de exorcizar objectos-holograma da consciência. L'enfer c'est les autres

|