Alpha - 6

Há muito que o império se apoderou deste quadrante.







O mundo visto do Espaço é pequeno. Este cosmonauta orbita em seu redor. My spaceship knows which way to go.

terça-feira, julho 11, 2006

 

What are you gonna do with your life?



As trevas voltam a ameaçar um céu limpo, um ar que foi difícil de respirar durante muito tempo, torna-se já escasso. A esperança é algo que se avista de relance. Ao olhar de novo com mais atenção, assumimos que nunca lá esteve.
Então, sôfrego, apodero-me de uma porção desse ar de um só trago para o soltar num último suspiro, lento, com os olhos fechados. Há uma quantidade de coisas que me vêm à cabeça, que disparam em correria trapalhona para me fazerem crer que tive uma vida preenchida.
Fui um prodígio a fechar portas. Não, fui um virtuoso céptico ao encostá-las. E nestes regressos, tantos, ao ponto de partida por medos difíceis de explicar, o tempo piorou.
Está mais velho, pesado, sombrio.
«Oh tempestade!» - saúda-me assim um amigo de longa data. Acho que nunca me viu sorrir com vontade. Sempre existiram forças ocultas que me empurraram para o deslize.
O chamamento do beco, das seringas, do visco, do mundo a céu aberto sem abrigo, são para mim, o que as sereias foram para Ulisses. O convívio degenerado acolhe-me sem perguntas. Nasce a poesia dos feios.
«Oh livre-pensador!» - intervém o mesmo amigo cada vez mais desconfiado e menos iludido daquilo que prevê eu tornar-me.
As feridas não saram sem deixarem cicatrizes. Adoro as mulheres que são actrizes ou meretrizes (não resisti a rimas). Devo segui-las.
A opção de nos afastarmos da luz, condena-nos ao céu encoberto.

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